05/11/2010

Uma Lira quase romantiquinha (Adília Lopes)

Milly chéri,
tenho coisas
para te dizer
de viva voz.
Cartas de amor
nunca mais
agora só escrevo
cartas comerciais.

Não quero
ter filhos
gosto muito
de foder
contigo
e com outros,
mas de bebês
não gosto
uma vez
por outra
tem graça,
mas sempre
não
os bebês deprimem-me
se engravidar
faço abortos
por muito
que me custe
e custa-me
muito
(um bebê é um dom
do Espírito Santo).

Ficas
no castelo de Beja
e eu aqui
no convento
com vento
(as janelas
fecham mal
estão empenadas)
há uma passagem
subterrânea
como nos romances
que liga
castelo e convento
podemos fechá-la.
Não te quero
no convento
o outro é o céu
com peúgas
e cuecas sujas.

Antes de chegares
pensava assim:
mesmo que Milly volte
não quero foder
nunca mais quero foder
o feitio das unhas dos pés
e a implantação dos cabelos
na nuca
do meu Milly chéri
mais tarde
ou mais cedo
vão-me meter nojo
nunca mais danço
nunca mais dou beijos
mas quem não pensa
em foder
está fodido
mas agora
quero foder contigo
portanto Milly chéri
és muito bem vindo
a mulher (eu)
deixa
pai e mãe
e apega-se
ao homem (tu)
e são ambos
uma carne.

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