26/04/2011

Cuide da sua vida

"Ao invés de tentar fazer um mundo melhor para os outros, deveriamos fazer um mundo menos ruim para nós mesmos".

(Júlio Groppa - aula de 25.04.2011)

23/04/2011

Sobre o exercício do Poder

"Quando definimos o exercício do poder como um modo de ação sobre as ações dos outros, quando as caracterizamos pelo "governo" dos homens, uns pelos outros, no sentido mais extenso da palavra, incluímos um elemento importante: a liberdade. O poder só se exerce sobre "sujeitos livres", enquanto "livres", entendendo-se por isso sujeitos individuais ou coletivos que têm  diante de si um campo de possibilidade onde diversas condutas, diversas reações e diversos modos de comportamento podem acontecer... A liberdade aparecerá como condição de existência do poder."

(FOUCAULT. M. O sujeito do poder)

22/04/2011

A constituição do Sujeito

"Esta forma de poder aplica-se à vida cotidiana imediata que categoriza o indivíduo, marca-o com sua própria individualidade, liga-o à sua própria identidade, impõe-lhe uma lei de verdade, que devemos reconhecer e que os outros têm que reconhecer nele. É uma forma de poder que faz dos indivíduos sujeitos. Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito a alguém pelo controle e dependência, e preso à sua própria identidade por uma consciência ou autoconhecimento. Ambos sugerem uma forma de poder que subjuga e torna sujeito a."

FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma teoria filosófica.

20/04/2011

Um dia depois de ONTEM

Nunca precisei usar muletas. Cara, não é fácil. Eu só precisava sair da Intermédica e chegar ao ponto de ônibus. Em um dia comum, faria o trajeto em 5 minutos. Olhei para o caminho que me pareceu difícil. Eu não estava enganada. Era como uma selva, cheia de leões famintos, prontos para me devorar.  

É fácil ficar fazendo discurso por aí, dizendo que as calçadas, as rampas, o transporte, nada está adaptado à realidade dos deficientes físicos. Causa um certo apaziguamento.  A pseudo-indignação transforma um Ser Humano impotente em um cidadão consciente. Difícil é viver do lado de lá.

Não farei discurso. Contarei minha experiência. O que aprendi? A distância entre as calçadas é mais longa do que aparenta ser; os motoristas sempre têm pressa; o farol abre muuuuuito rápido; a multidão é perigosa; as pessoas não olham por onde andam; pode-se cair ao entrar no ônibus; nunca vi tanto buraco na minha vida.

Resultado? Desejei veementemente chegar em casa viva. Digo NÃO a minha inclusão. Já me conformei. Ficarei 7 dias sem sair de casa. Pode ser bom. Terei bastante tempo pra ler.

19/04/2011

O dia em que a Terra NÃO parou

Hoje acordei com o pé esquerdo... ainda bem, porque torci o direito. Resolvi descer as escadas da estação de trem seguindo o fluxo do horário de pico matinal,  meio dormindo ainda, e me fudi. Ô dorzinha do caralho! Há tempos não sentia uma dessas. Mas não é esse o motivo do meu mau humor. Antes fosse! Enquanto eu estava ali imóvel, sozinha, sentada na escada chorando e pensando "o que eu faço agora?" olhava pr'o mundo, que girava e girava. Não faço parte dele. Fiquei, algum tempo, esperando a dor passar, enquanto isso, olhava a multidão perigosa e observava o quanto o mundo está cada vez mais parecido com o "discurso de Miss".

15/04/2011

"Não quero luxo, nem lixo"

"Eu vejo um museu de grandes novidades"

Imagens da greve dos funcionários terceirizados - FFLCH/USP (abril/2011).


Muita gente diz que a FFLCH é mestre em desordem e que lá só tem baderneiro. Ninguém é santo. Mas se os protestos não forem feitos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências HUMANAS, vão ser feitos onde? na FEA?

10/04/2011

O discurso do biopoder

"Se o poder de normalização quer exercer o velho direito soberano de matar, ele tem de passar pelo racismo. E se, inversamente, um poder de soberania, ou seja, um poder que  tem direito de vida e de morte, quer funcionar com instrumentos, com os mecanismos, com a tecnologia da normalização, ele também tem de passar pelo racismo".

FOUCAULT, M. Aula de 17 de março de 1976. In Em defesa da sociedade).

Tentando explicar o que não tem explicação

"E paixão pode referir-se, por fim, a uma experiência do amor, o amor-paixão ocidental, cortesão, cavalheiresco, cristão, pensado como posse e feito de um desejo que permanece desejo e que quer permanecer desejo, pura tensão insatisfeita, pura orientação para um objeto sempre inatingível. Na paixão, o sujeito apaixonado não possui o objeto amado, mas é possuído por ele. Por isso, o sujeito apaixonado não está  em si próprio, na posse de si mesmo, no autodomínio, mas está fora de si, dominado pelo outro, cativado pelo alheio, alienado, alucinado.

Na paixão se dá uma tensão entre liberdade e escravidão, no sentido de que o que quer o sujeito é, precisamente, permanecer cativo, viver seu cativeiro, sua dependência daquele por quem está apaixonado. Ocorre também uma  tensão entre prazer e dor, entre felicidade e sofrimento, no sentido de que o sujeito apaixonado encontra sua felicidade ou ao menos o cumprimento de seu destino no padecimento que sua paixão lhe proporciona."

(BONDÍA, Jorge Larrosa. In Notas sobre a experiência e o saber de experiência)

Entregar-se à paixão é aceitar de forma parcial e prazerosa a loucura.

07/04/2011

"Socorro, eu não estou sentindo nada"

O atirador da escola em Realengo. Mais um caso que comoverá a "sociedade" por uma semana e meia e depois será arquivado nos autos da nossa vergonha. Adoro ver a falsa indignação das pessoas. É lindo, mas não me comove mais.

Uma xícara de café com leite

Ser humano sociável, dependente, incompreendido, patético. Como lamenta o sofrimento! No entanto, o provoca. É óbvio que pertenço ao grupo. Também sinto falta sem saber de que, mas ao contrario de muitos, não aborto o processo da ausência. Sinto na pele toda a dor, sem crença, talvez com alguma melancolia porque não haverá um mundo melhor, uma vida melhor, um Homem melhor. Tudo é exatamente o que é. Mas a gente não vê beleza na realidade, em “ser”. Só em “ter”. E queremos sempre mais. Ter felicidade, ter amor, ter amigos, ter dinheiro, ter, ter, ter. Mas não estará a dádiva relacionada à falta? Ao “não ter”? Não é assim que se aprende?
Não tenho razão, não tenho “A verdade”, não tenho quase nada. Esperança? Tenho pouca. Só para continuar a caminhada, cuja única certeza possível é a morte. Mas deixe isso pra lá porque não tem mesmo importância. Isso é só o resultado de uma madrugada sem sono e de uma quentíssima xícara de café com leite. Já pensou se fosse vodka?