Nunca precisei usar muletas. Cara, não é fácil. Eu só precisava sair da Intermédica e chegar ao ponto de ônibus. Em um dia comum, faria o trajeto em 5 minutos. Olhei para o caminho que me pareceu difícil. Eu não estava enganada. Era como uma selva, cheia de leões famintos, prontos para me devorar.
É fácil ficar fazendo discurso por aí, dizendo que as calçadas, as rampas, o transporte, nada está adaptado à realidade dos deficientes físicos. Causa um certo apaziguamento. A pseudo-indignação transforma um Ser Humano impotente em um cidadão consciente. Difícil é viver do lado de lá.
Não farei discurso. Contarei minha experiência. O que aprendi? A distância entre as calçadas é mais longa do que aparenta ser; os motoristas sempre têm pressa; o farol abre muuuuuito rápido; a multidão é perigosa; as pessoas não olham por onde andam; pode-se cair ao entrar no ônibus; nunca vi tanto buraco na minha vida.
Resultado? Desejei veementemente chegar em casa viva. Digo NÃO a minha inclusão. Já me conformei. Ficarei 7 dias sem sair de casa. Pode ser bom. Terei bastante tempo pra ler.
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