28/12/2011

Pós-natal

Papai Noel, seu lindo.

Não escrevi meu post de Natal semana passada por preguiça mesmo, mas isso não significa que eu não tenha lá os meus anseios e agradecimentos. Será que ainda dá? Não custa tentar...
Este ano eu tinha resolvido ser menos chata e te deixar em paz, mas mudei de ideia após os festejos, afinal, tô tentando fazer tudo certo (ou será menos errado?). 
Bem, caso você tenha um tempinho livre durante o ano, me ajude a ter calma e discernimento pra reconhecer o caminho quando as encruzilhadas surgirem. Preciso manter-me forte para ter disposição e, assim, tentar conquistar o que hoje me parece impossível. Traga muita saúde e garra aos que amo para que continuem tentando alcançar seus respectivos objetivos. Ah! e pra não "passar batido", obrigada, viu, por tudo ;-)

03/11/2011

Não estou no perfil


Não escrevo textos artísticos ou impressionantes,
mas escrever é maneira que encontrei para tentar entender o mundo.
Não “curto” samba, rock ou soul no face,
mas gosto de ouvir o que sinto traduzido em apenas um verso, ou até mesmo na ausência das palavras.
Gosto de ouvir música muito alta,
mas uso fone de ouvido em lugares públicos.
Não sou engajado,
mas não fico impotente diante da injustiça e da ganância.
Não morrerei por amor nem pelo meu país,
mas acho que amar sem entrega não é viver verdadeiramente o amor.
Não sou popular,
mas não temo assumir meu medo da solidão.
Não tenho fé,
mas reverencio todos os dias a magnitude da vida nas pequenas coisas.
Não idolatro a luxuria,
mas não vejo beleza em observar a maioria lutando pela sobrevivência.
Não pretendo salvar o mundo,
mas acredito que ter caráter e fazer o possível, sempre, pode gerar grandes resultados (e consciência tranquila).
Gosto das belas frases de efeito,
mas conhecer apenas o clichê não torna o homem melhor.
Acredito no que faço, e estudo por amor,
e gostaria que meus méritos fossem avaliados e reconhecidos, se forem merecedores.
Não almejo a perfeição,
porque o incentivo para tornar-me uma pessoa melhor vem dos meus defeitos e não das minhas qualidades.
Acredito que o ser humano tem o direito de ser fraco e de permanecer na ignorância,
mas não tenho que admirá-lo por isso.

11/09/2011

Porque as coisas (também) podem dar certo


11 de setembro. Dia propício para relembrar catástrofes. E olha que já vivi algumas. Ah, caro leitor, mas se pensas que estou aqui para “chorar as pitangas”, está  MUITO enganado. Ao contrario do que indicam as expectativas, pronuncio-me para ressaltar que não há como evitar que alguns acidentes muito desagradáveis aconteçam no decorrer do caminho, mas que a estrada continua, longa e árdua. Sofrimento machuca, mas não mata. A gente pode superar quase tudo, com dignidade, e construir algo muito melhor.  


17/08/2011

Don´t Stop

Olha eu de novo aqui, no meu cantinho, com tanta saudade de escrever!
Sem nenhum motivo aparentemente relevante: stop! Mas diante de tantas coisas novas, vontades, planos, sonhos, perdas, ganhos, confusões, #eteceteraetalz# "tô de volta na paraaaaada".
Gosto dessas minhas pausas (brancos de vida). Curto esses intervalos de mim. Momentos os quais eu vivo, meio sem pensar, sabe? vivo e pronto. 
Há alguns dias ouvi Laerton dizer que é melhor não pensar, às vezes, senão a gente não vive (ou enlouquece rsrsr). É meio por aí. But, como tudo que é bom dura pouco...
Minha nova meta são os concursos... e já mergulhei (de cabeça) nos estudos/provas. Tô virando "concurseira" (como diz meu amigo Juncioni). E como todo bom iniciante, tomei meu "primeiro pau" disputando o cargo de Oficial de Promotoria. No início pensei que era pretensão minha. Hoje, não. Acho possível (se a matemática permitir, claaaaaro). Quero testar-me outras vezes. Saber até onde posso chegar (na vida, sabe?).  
Minha pós-graduação cabe nos meus planos, mas não cabe no meu bolso (ainda, ok?). Tenho que pagar minhas contas. O dia devia ter 30 horas para eu ocupar todas (e talvez nem assim "tiraria o atraso"). Aí, talvez, eu pudesse passar uma hora no facebook, sem culpa, ou fazer outra coisa qualquer. A vida é assim, lúdica, brinca com a gente. Minha vida ri da minha cara cansada todas as noites, enquanto eu adormeço. E no dia seguinte, eu acordo e rio dela, enquanto sigo de trem a caminhada.



07/06/2011

Minha vida clichê

Deixem-me em paz pós-estruturalistas malditos.
Quero vibrar com a Lady Gaga, o Justin Bieber e a Ivete Sangalo.
Quero ler entusiasmadamente as colunas de moda das revistas fúteis.
Quero ficar indignado com a violência e as notícias dos jornais.
Quero colocar silicone e fazer regime, sem culpa.
Quero dizer "Bom Dia!" aos meu "amigos" do Facebook.
Quero ter personalidade, criar minha identidade, ser um cidadão (a)crítico.
Quero cultuar o misterioso e envolvente mundo psi.
Quero "entrar em contato" com a minha subjetividade agressiva e solitária.
Quero assistir ao futebol de domingo à tarde com minha família (in)feliz.
Quero tentar encontrar a felicidade, a paz e o amor eterno.
Quero ter esperança em um mundo melhor.
Quero acreditar que as crianças são o futuro da nação.
Quero investir na educação. "Faça sua parte".
Quero amar a biodiversidade e proteger o meio ambiente.
Quero achar que as coisas mudarão para melhor, que é só uma questão de tempo.
Quero falar mal de política com meus amigos intelectuais.
Quero criticar a homofobia.
Quero praticar ao antitabagismo.
Quero casar com o homem perfeito e ter filhos fortes e saudáveis.
Quero reproduzir com (in)consciência o politicamente correto.
Quero ser medíocre com dignidade.
Quero buscar a verdade e o paraíso.
Quero refletir a "imagem e semelhança" de Deus.
Quero deixar de ser subdesenvolvido, evoluir.
Quero viver a minha liberdade (de (não) escolha).
Quero agarrar a felicidade.
Quero morrer, sorrindo, em paz.

14/05/2011

Meu 11 de "setembro-maio"

Sabe aquele post particular o qual jurei que nunca escreveria? Aqui está:

O avião bateu nas torres, que foram demolidas frente ao juiz... o mesmo que mandou construí-las. Imediatamente, formou-se a grande neblina de concreto que, por um tempo, vai fazer arder os olhos, atrapalhar a respiração. Tudo voltou ao pó. Todavia, em algum tempo, as coisas voltarão ao normal. As torres jamais serão reconstruídas, e jamais serão apagadas da memória. O que fica são as imagens de fundo que estão nos filmes, nas fotos. E nada mais. E não há um "Bin Laden" a ser morto. Nós somos os culpados. Nós somos os inimigos. Nós destruímos nossas torres. E continuaremos construindo e distruindo outros edifícios, afinal, somos humanos.

10/05/2011

No início, era o verbo

Eu queria escrever um texto lindo, sobre algo lindo, mas só consegui pensar em uma palavra o dia inteiro: PERFORMATIVOS.

01/05/2011

Precious Illusions

O que somos?

'"Talvez o objetivo hoje em dia não seja descobrir o que somos, mas recusar o que somos. Temos que imaginar e construir o que poderíamos ser para nos livrarmos deste "duplo constrangimento" político, que é a simultânea individualização e totalização próprias as estruturas do poder moderno."

(FOUCAULT. M. O sujeito e o poder)

26/04/2011

Cuide da sua vida

"Ao invés de tentar fazer um mundo melhor para os outros, deveriamos fazer um mundo menos ruim para nós mesmos".

(Júlio Groppa - aula de 25.04.2011)

23/04/2011

Sobre o exercício do Poder

"Quando definimos o exercício do poder como um modo de ação sobre as ações dos outros, quando as caracterizamos pelo "governo" dos homens, uns pelos outros, no sentido mais extenso da palavra, incluímos um elemento importante: a liberdade. O poder só se exerce sobre "sujeitos livres", enquanto "livres", entendendo-se por isso sujeitos individuais ou coletivos que têm  diante de si um campo de possibilidade onde diversas condutas, diversas reações e diversos modos de comportamento podem acontecer... A liberdade aparecerá como condição de existência do poder."

(FOUCAULT. M. O sujeito do poder)

22/04/2011

A constituição do Sujeito

"Esta forma de poder aplica-se à vida cotidiana imediata que categoriza o indivíduo, marca-o com sua própria individualidade, liga-o à sua própria identidade, impõe-lhe uma lei de verdade, que devemos reconhecer e que os outros têm que reconhecer nele. É uma forma de poder que faz dos indivíduos sujeitos. Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito a alguém pelo controle e dependência, e preso à sua própria identidade por uma consciência ou autoconhecimento. Ambos sugerem uma forma de poder que subjuga e torna sujeito a."

FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma teoria filosófica.

20/04/2011

Um dia depois de ONTEM

Nunca precisei usar muletas. Cara, não é fácil. Eu só precisava sair da Intermédica e chegar ao ponto de ônibus. Em um dia comum, faria o trajeto em 5 minutos. Olhei para o caminho que me pareceu difícil. Eu não estava enganada. Era como uma selva, cheia de leões famintos, prontos para me devorar.  

É fácil ficar fazendo discurso por aí, dizendo que as calçadas, as rampas, o transporte, nada está adaptado à realidade dos deficientes físicos. Causa um certo apaziguamento.  A pseudo-indignação transforma um Ser Humano impotente em um cidadão consciente. Difícil é viver do lado de lá.

Não farei discurso. Contarei minha experiência. O que aprendi? A distância entre as calçadas é mais longa do que aparenta ser; os motoristas sempre têm pressa; o farol abre muuuuuito rápido; a multidão é perigosa; as pessoas não olham por onde andam; pode-se cair ao entrar no ônibus; nunca vi tanto buraco na minha vida.

Resultado? Desejei veementemente chegar em casa viva. Digo NÃO a minha inclusão. Já me conformei. Ficarei 7 dias sem sair de casa. Pode ser bom. Terei bastante tempo pra ler.

19/04/2011

O dia em que a Terra NÃO parou

Hoje acordei com o pé esquerdo... ainda bem, porque torci o direito. Resolvi descer as escadas da estação de trem seguindo o fluxo do horário de pico matinal,  meio dormindo ainda, e me fudi. Ô dorzinha do caralho! Há tempos não sentia uma dessas. Mas não é esse o motivo do meu mau humor. Antes fosse! Enquanto eu estava ali imóvel, sozinha, sentada na escada chorando e pensando "o que eu faço agora?" olhava pr'o mundo, que girava e girava. Não faço parte dele. Fiquei, algum tempo, esperando a dor passar, enquanto isso, olhava a multidão perigosa e observava o quanto o mundo está cada vez mais parecido com o "discurso de Miss".

15/04/2011

"Não quero luxo, nem lixo"

"Eu vejo um museu de grandes novidades"

Imagens da greve dos funcionários terceirizados - FFLCH/USP (abril/2011).


Muita gente diz que a FFLCH é mestre em desordem e que lá só tem baderneiro. Ninguém é santo. Mas se os protestos não forem feitos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências HUMANAS, vão ser feitos onde? na FEA?

10/04/2011

O discurso do biopoder

"Se o poder de normalização quer exercer o velho direito soberano de matar, ele tem de passar pelo racismo. E se, inversamente, um poder de soberania, ou seja, um poder que  tem direito de vida e de morte, quer funcionar com instrumentos, com os mecanismos, com a tecnologia da normalização, ele também tem de passar pelo racismo".

FOUCAULT, M. Aula de 17 de março de 1976. In Em defesa da sociedade).

Tentando explicar o que não tem explicação

"E paixão pode referir-se, por fim, a uma experiência do amor, o amor-paixão ocidental, cortesão, cavalheiresco, cristão, pensado como posse e feito de um desejo que permanece desejo e que quer permanecer desejo, pura tensão insatisfeita, pura orientação para um objeto sempre inatingível. Na paixão, o sujeito apaixonado não possui o objeto amado, mas é possuído por ele. Por isso, o sujeito apaixonado não está  em si próprio, na posse de si mesmo, no autodomínio, mas está fora de si, dominado pelo outro, cativado pelo alheio, alienado, alucinado.

Na paixão se dá uma tensão entre liberdade e escravidão, no sentido de que o que quer o sujeito é, precisamente, permanecer cativo, viver seu cativeiro, sua dependência daquele por quem está apaixonado. Ocorre também uma  tensão entre prazer e dor, entre felicidade e sofrimento, no sentido de que o sujeito apaixonado encontra sua felicidade ou ao menos o cumprimento de seu destino no padecimento que sua paixão lhe proporciona."

(BONDÍA, Jorge Larrosa. In Notas sobre a experiência e o saber de experiência)

Entregar-se à paixão é aceitar de forma parcial e prazerosa a loucura.

07/04/2011

"Socorro, eu não estou sentindo nada"

O atirador da escola em Realengo. Mais um caso que comoverá a "sociedade" por uma semana e meia e depois será arquivado nos autos da nossa vergonha. Adoro ver a falsa indignação das pessoas. É lindo, mas não me comove mais.

Uma xícara de café com leite

Ser humano sociável, dependente, incompreendido, patético. Como lamenta o sofrimento! No entanto, o provoca. É óbvio que pertenço ao grupo. Também sinto falta sem saber de que, mas ao contrario de muitos, não aborto o processo da ausência. Sinto na pele toda a dor, sem crença, talvez com alguma melancolia porque não haverá um mundo melhor, uma vida melhor, um Homem melhor. Tudo é exatamente o que é. Mas a gente não vê beleza na realidade, em “ser”. Só em “ter”. E queremos sempre mais. Ter felicidade, ter amor, ter amigos, ter dinheiro, ter, ter, ter. Mas não estará a dádiva relacionada à falta? Ao “não ter”? Não é assim que se aprende?
Não tenho razão, não tenho “A verdade”, não tenho quase nada. Esperança? Tenho pouca. Só para continuar a caminhada, cuja única certeza possível é a morte. Mas deixe isso pra lá porque não tem mesmo importância. Isso é só o resultado de uma madrugada sem sono e de uma quentíssima xícara de café com leite. Já pensou se fosse vodka?

24/03/2011

A Experiência do Silêncio

Recentemente, li um ensaio no qual era discutido o conceito de experiência. Foram destacados 4 aspectos considerados inimigos mortais do ato de experimentar: excesso de informação, excesso de trabalho, opinião imediata e falta de tempo. Imagina se algum desses aspectos faz parte da minha vida! TODOS fazem, sem exceção.

Só agora, sob forte influência das prazerosas torturas semanais de Psicologia da Educação, parei para pensar no quanto eu reproduzo coisas, textos, vontades, bobagens, desabafos, e afins. Experiência 0. Reprodução 10. De repente tudo passa a ser vital - no sentido literal da palavra. Sapatos, roupas, bolsas, restaurantes... coisas  sem as quais não posso mais viver. Mas não vivi até hoje? E toma reprodução de músicas, poemas, opiniões do jornal, textos acadêmicos... um bando de informação que não leva a nada, porque não tenho tempo para fazer com que elas aconteçam pra mim. É por isso que eu acho difícil não fazer parte da roda-gigante. Difícil dar-se ao luxo de enlouquecer e ver o mundo de fora. Quase impossível. Mas como odeio generalizações... O que você faria se o mundo tivesse controle-remoto? Ia acelerar? Para que? Ia parar? E não é bobagem, perda de tempo? Eu? Acho que apertaria  o mute para tentar ler os lábios sujos da humanidade. Grande experiência, não? Talvez no silêncio essa merda de vida fizesse um pouco mais de sentido pra mim.

22/03/2011

Dama da Noite

Porque não é fácil fugir da roda-gigante...
"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota. Tá me entendendo, garotão?

Nada, você não entende nada. Dama da noite. Todos me chamam e nem sabem que durmo o dia inteiro. Não suporto luz. Também nunca tenho nada pra fazer. O quê? Umas rendas aí. É, macetes. Não dou detalhe, não adianta insistir. Mutreta, trambique, muamba. Já falei, não adianta insistir, boy. Aprendi que se eu der detalhe você vai sacar que tenho grana, e se eu tenho grana você vai querer foder comigo só porque eu tenho grana. E acontece que eu ainda sou babaca, pateta e ridícula o suficiente para estar procurando "o verdadeiro amor". Para de rir, senão te jogo já este copo na cara. Pago o copo, a bebida. Pago o estrago e até o bar, se ficar a fim de quebrar tudo. Se eu tô tesuda e você anda duro e eu precisar de cacete, compro o teu, pago o teu. Quanto custa? Me diz que eu pago. Pago bebida, comida, dormida. E pago foda também, se for preciso.

Pego, claro que eu pego. Pego sim, pego depois. É grande? Gosto de grande, bem grosso. Agora não. Agora quero falar na roda. Essa roda, você não vê, garotão? Está por aí, rodando aqui mesmo. Olha em volta, cara. Bem do teu lado. Naquela mina ali, de preto, a de cabelo arrepiadinho. Tá bom, eu sei. Pelo menos dois terços do bar veste preto e tem cabelo arrepiadinho, inclusive nós. Sabe que se há uns dez anos eu pensasse em mim agora aqui sentada com você eu não ia acreditar? Preto absorve vibração negativa, eu pensava. O contrário de branco, branco reflete. Mas acho que essa moçada tá mais a fim mesmo é de absorver, chupar até o fundo do mal. Hein? Depois, até posso. Tem problema não. Mas não é disso que estou falando agora, meu bem.

Você não gosta? Ah, não me diga, garotinho. Mas se eu pago a bebida, eu digo o que eu quiser, entendeu? Eu digo "meu-bem" assim desse jeito, do jeito que eu bem entender. Digo e repito: meu-bem, meu-bem, meu-bem. Pego no seu queixo a hora que eu quiser também, enquanto digo e repito e redigo meu-bem, meu-bem. Queixo furadinho, hein? Já observei que homem de queixo furadinho gosta mesmo é de dar o rabo. Você já deu o seu? Pelo amor de Deus, não me venha com aquela história tipo sabe, uma noite, na casa de um pessoal em Boiçucanga, tive que dormir na mesma cama com um carinha que. Todo machinho da sua idade tem loucura por dar o rabo, meu bem. Ascendente Câncer, eu sei: cara de lua, bunda gordinha e cu aceso. Não é vergonha nenhuma: tá nos astros, boy. Ou então é veado mesmo, e tudo bem.

Levanta não, te pago outra vodka, quer? Só pra deixar eu falar mais na roda. Você é muito garoto, não entende dessas coisas. Deixa a vida te lavrar a cara, antes, então a gente. Bicho esquisito. Eu ia dizer alma, sabia? Quer que eu diga? Tá bom, se você faz tanta questão, posso dizer. Será que ainda consigo, como é que era mesmo? Assim: deixa a vida te lavrar a alma, antes, então a gente conversa. Deixa você passar dos trinta, trinta e cinco, ir chegando nos quarenta e não casar e nem ter esses monstros que eles chamam de filhos, casa própria nem porra nenhuma. Acordar no meio da tarde, de ressaca, olhar sua cara arrebentada no espelho. Sozinho em casa, sozinho na cidade, sozinho no mundo. Vai doer tanto, menino! Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas. Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo-mau e solidão medonha.

A roda? Não sei se é você que escolhe, não. Olha bem pra mim - tenho cara de quem escolheu alguma coisa na vida? Quando dei por mim, todo mundo já tinha decorado a tal palavrinha-chave e tava a mil, seu lugarzinho seguro, rodando na roda. Menos eu, menos eu. Quem roda na roda fica contente. Quem não roda se fode. Que nem eu, você acha que eu pareço muito fodida? Um pouco eu sei que sim, mas fala a verdade: muito? Falso, eu tenho uns amigos, sim. Fodidos que nem eu. Prefiro não andar com eles, me fazem mal. Gente da minha idade, mesmo tipo de. Ia dizer problema, puro hábito, não tem problema. Você sabe, um saco. Que nem espelho: eu olho pra cara fodida deles e tá lá escrita escarrada a minha própria cara fodida também, igualzinha à cara deles. Alguns rodam na roda, mas rodam fodidamente. Não rodam que nem você. Você é tão inocente, tão idiotinha com essa camisinha Mr. Wonderful. Inocente porque nem sabe que é inocente. Nem eles, meus amigos fodidos, sabem que não são mais. Tem umas coisas que a gente vai deixando, vai deixando, vai deixando de ser e nem percebe. Quando viu, babau, já não é mais. Mocidade é isso aí, sabia? Sabe nada. Você roda na roda também, quer uma prova? Todo esse pessoal da preto e cabelo arrepiadinho sorri pra você porque você é igual a eles. Se pintar uma festa, te dão um toque, mesmo sem te conhecer. Isso é rodar na roda, meu bem.

Pra mim, não. Nenhum sorriso. Cumplicidade zero. Eu não sou igual a eles, eles sabem disso. Dama da noite, eles falam, eu sei. Quando não falam coisa mais escrota, porque dama da noite é até bonito, eu acho. Aquela flor de cheiro enjoativo que só cheira de noite, sabe qual? Sabe porra. Você nasceu dentro de um apartamento, vendo tevê. Não sabe nada. Fora essas coisas de vídeo, performance, high-tech, punk, dark. computador, heavy-metal e o caralho. Sabia que eu até vezenquando tenho mais pena de você e desses arrepiadinhos de preto do que de mim e daqueles meus amigos fodidos? A gente teve uma hora que parecia que ia dar certo. Ia dar, ia dar. Sabe quando vai dar? Pra vocês, nem isso. A gente teve a ilusão, mas vocês chegaram depois que mataram a ilusão da gente. Tava tudo morto quando você nasceu, boy, e eu já era puta velha. Então eu tenho pena. Acho que sou melhor, sei porque peguei a coisa viva. Tá bom, desculpa, gatinho. Melhor, melhor não. Eu tive mais sorte, foi isso? Eu cheguei antes. E até me pergunto se não é sorte também estar do lado de fora dessa roda besta que roda sem fim, sem mim. No fundo, tenho nojo dela. Você?

Você não viu nada, você nem viu o amor. Que idade você tem, vinte? Tem cara de doze. Já nasceu de camisinha em punho, morrendo de medo de pegar Aids. Vírus que mata, neguinho, vírus do amor. Deu a bundinha, comeu cuzinho. pronto: paranóia total. Semana seguinte, nasce uma espinha na cara e salve-se quem puder: baixou Emílio Ribas. Caganeira, tosse seca, gânglios generalizados. Oh boy, que grande merda fizeram com a tua cabecinha, hein? Você nem beija na boca sem morrer de cagaço. Transmite pela saliva, você leu em algum lugar. Você nem passa a mão em peito molhado sem ficar de cu na mão. Transmite pelo suor, você leu em algum lugar. Supondo que você lê, claro. Conta pra tia: você lê, meu bem? Nada, você não lê nada. Você vê pela TV, eu sei. Mas na TV também dá, o tempo todo: amor mata, amor mata, amor mata. Pega até de ficar do lado, beber do mesmo copo. Já pensou se eu tivesse? Eu, que já dei pra meia cidade e ainda por cima adoro veado.

Eu sou a dama da noite que vai te contaminar com seu perfume venenoso e mortal. Eu sou a flor carnívora e noturna que vai te entontecer e te arrastar para o fundo de seu jardim pestilento. Eu sou a dama maldita que, sem nenhuma piedade, vai te poluir com todos os líquidos, contaminar teu sangue com todos os vírus. Cuidado comigo! Eu sou a dama que mata, boy. Já chupou buceta de mulher? Claro que não, eu sei, pode matar. Nem caralho de homem, pode matar. Já sentiu aquele cheiro molhado que as pessoas têm nas virilhas quando tiram a roupa? Está escrito na sua cara, tudo que você não viu nem fez está escrito nessa sua cara que já nasceu de máscara pregada. Você já nasceu proibido de tocar no corpo do outro. Punheta pode, eu sei, mas essa sede de outro corpo é que nos deixa loucos e vai matando a gente aos pouquinhos. Você não conhece esse gosto que é o gosto que faz com que a gente fique fora da roda que roda e roda e que se foda rodando sem parar, porque o rodar dela é o rodar de quem consegue fingir que não viu o que viu. Oh boy, esse mundo sujo todo pesando em cima de você, muito mais do que de mim e eu ainda nem comecei a falar na morte...

Já viu gente morta, boy? É feio, boy. A morte é muito feia, muito suja, muito triste. Queria eu tanto ser assim delicada e poderosa, para te conceder a vida eterna. Queria ser uma dama nobre e rica para te encerrar na torre do meu castelo e poupar você desse encontro inevitável com a morte. Cara a cara com ela, você já esteve? Eu, sim, tantas vezes. Eu sou curtida, meu bem. A gente lê na sua cara que nunca. Esse furinho de veado no queixo, esse olhinho verde me olhando assim que nem se eu fosse a Isabella Rossellini levando porrada e gostando e pedindo "eat me, eat me", escrota e deslumbrante. Essa tontura que você está sentindo não é porre, não. É vertigem do pecado, meu bem, tontura do veneno. O que que você vai contar amanhã na escola, hein? Sim, porque vocé ainda deve ir à escola, de lancheira e tudo. Já sei: conheci uma mina meio coroa, porra-louca demais. Cretino, cretino, pobre anjo cretino do fim de todas as coisas. Esse caralhinho gostoso aí, escondido no meio das asas, é só isso que você tem por enquanto. Um caralhinho gostoso, sem marca nenhuma. Todo rosadinho. E burro. Porque nem brochar você deve ter brochado ainda. Acorda de pau duro, uma tábua, tem tesão por tudo, até por fechadura. Quantas por dia? Muito bem, parabéns, você tá na idade. Mas anota aí pro teu futuro cair na real: essa sede, ninguém mata. Sexo é na cabeça. Você não consegue nunca. Sexo é só na imaginação. Você goza com aquilo que imagina que te dá o gozo, não com uma pessoa real, entendeu? Você goza sempre com o que tá na sua cabeça, não com quem tá na cama. Sexo é mentira, sexo é loucura, sexo é sozinho, boy.

Eu, cansei. Já não estou mais na idade. Quantos? Ah, você não vai acreditar, esquece. O que importa é que você entra por um ouvido meu e sai pelo outro, sabia? Você não fica. você não marca. Eu sei que fico em você, eu sei que marco você. Marco fundo. Eu sei que, daqui a um tempo, quando você estiver rodando na roda, vai lembrar que, uma noite, sentou ao lado de uma mina louca que te disse coisas, que te falou no sexo, na solidão, na morte. Feia, tão feia a morte, boy. A pessoa fica meio verde, sabe? Da cor quase assim desse molho de espinafre frio. Mais clarinho um pouco, mas isso nem é o pior. Tem uma coisa que já não está mais ali, isso é o mais triste. Você olha, olha e olha e o corpo fica assim que nem uma cadeira, uma mesa, um cinzeiro, um prato vazio. Uma coisa sem nada dentro. Que nem casca de amendoim jogada na areia, é assim que a gente fica quando morre, viu, boy? E você, já descobriu que um dia também vai morrer?

Dou, claro. Ficou nervosinho, quer cigarro? Mas nem fumar você fuma, o quê? Compreendo, compreendo sim, eu compreendo sempre, sou uma mulher muito compreensiva. Sou tão maravilhosamente compreensiva e tudo que se levar você pra minha cama agora e amanhã de manhã você tiver me roubado toda a grana, não pense que vou achar você um filho da puta. Não é o máximo da compreensão? Eu vou achar que você tá na sua, um garotinho roubando uma mulher meio pirada, meio coroa, que mexeu com sua cabecinha de anjo cretino desse nojento fim de todas as coisas. Tá tudo bem, é assim que as coisas são: ca-pi-ta-lis-tas, em letras góticas de neon. Mulher pirada e meio coroa que nem eu tem mais é que ser roubada por um garotinho imbecil e tesudinho como você. Só pra deixar de ser burra caindo outra vez nessa armadilha de sexo.

Fissura, estou ficando tonta. Essa roda girando, girando sem parar. Olha bem, quem roda nela? As mocinhas que querem casar, os mocinhos a fim de grana pra comprar um carro, os executivozinhos a fim de poder e dólares, os casais de saco cheio um do outro, mas segurando umas. Estar fora da roda é não segurar nenhuma, não querer nada. Feito eu. Não seguro picas, não quero ninguém. Nem você. Quero não, boy. Se eu quiser, posso ter. Afinal, trata-se apenas de um cheque a menos no talão, mais barato que um par de sapatos. Mas eu quero mais é aquilo que não posso comprar. Nem é você que eu espero, já te falei. Aquele um vai entrar um dia talvez por essa mesma porta, sem avisar. Diferente dessa gente toda vestida de preto, com cabelo arrepiadinho. Se quiser eu piro, e imagino ele de capa de gabardine, chapéu molhado, barba de dois dias, cigarro no canto da boca, bem noir. Mas isso é filme, ele não. Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo, um dia encontro.

Só por ele, por esse que ainda não veio, te deixo essa grana agora. Precisa troco não. Pego a minha bolsa e dou a fora já. Está quase amanhecendo, boy. As damas da noite recolhem seu perfume com a luz do dia. Na sombra, sozinhas, envenenam a si próprias com loucas fantasias. Divida essa sua juventude estúpida com a gatinha ali do lado, meu bem. Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui, continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada."
(Caio Fernando Abreu)

Re-produzindo...

"A esperança dá sono"

(Aula do Júlio Groppa  - 21.02.2011)

17/03/2011

Mais uma chance

E eu que estava aqui achando que eu era única, diferente, especial. E eu que estava aqui esperando o mundo render-se de joelhos aos meus pés para realizar os meus desejos. E eu que estava aqui buscando a verdade, o amor eterno, a felicidade. E eu que estava aqui, pensando em envelhecer bem, sem enlouquecer, nem engordar. E eu que estava aqui, acelerando a vida para tentar chegar a um lugar que nem mesmo sei onde é. Criando problemas sem solução. Querendo ser importante e imponente.
De repente estava lá, com olhos marejados na sala de aula ganhando o melhor presente que poderia existir: a oportunidade de não desistir de mim nem do mundo, “apesar de”; e de aprender que ter uma identidade não te faz maior, melhor, nem ao menos te faz alguma coisa.

05/03/2011

Crescer chega a ser cruel

Eu sou uma grande farsa.
Sou só uma garotinha de 16 aos que deu errado, mas continua tentando.
Sou só um para sempre que deixou de existir.
E poucas coisas me prendem ao passado. A não ser uma música ou uma noite de pesadelo.
E os pesadelos me perseguem, porque, lá no fundo, em um lugar bem escondidinho,  a gente nunca deixa  de ser quem realmente é, ou seja, dificilmente a gente muda por dentro. Da boca pra fora, faz-se o que bem entende. Mas as pessoas andam por aí dizendo que mudaram, amadureceram, aprenderam. E eu finjo que acredito. Em mim e nos outros.
Mas, às vezes, deixo a protagonista de lado, só por uns minutos, para lembrar a garotinha que gostava de mexer nos cabelos e sorrir, linda, doce, sem pensar em nada. Depois volto a ser adulta, forte, decidida, como uma rocha. E pode continuar batendo, que a rocha até pode furar, mas já não é tão fácil assim.

04/03/2011

Carnaval 2011: só vai dar a Devassa

Ha, ha, ha. O Grupo Schincariol gosta meeeeeesmo de um auê.

Depois de apresentar a propaganda de TV que foi proibida por ser considerada imprópria ao mostrar, em excesso, a sensualidade da simpática Paris Hilton, a marca de bebidas adotou uma nova Musa Loura: a Sandy (Oi?).  Sim, aquela, ex-donzela.  E a galera, claro, tá “metendo a língua”.  Qual é gente! E porque a Sr. Lima não poderia se sentir Devassa, às vezes? Ressalto que é “às vezes”.  A Vanessa, que não é mais Camargo, pode!

 A “cantoratriz”, compositora e atual “garota-propaganda-de-cerveja”, Sandy, confirmou em seu site oficial http://sandyoficial.uol.com.br/ que aceitou o convite por entender que “o conceito criado pela agência para a campanha era pertinente com sua imagem”. Segundo ela, o que eles queriam passar tinha “total adequação” ao que tem vontade de mostrar: “que todos nós temos nossos momentos descontraídos, desencanados, desinibidos” uhuhuhuhhu.

Na campanha publicitária em questão, estão inclusos comerciais de TV, spots de rádio e merchandising, norteados pelo slogan “Todo mundo tem um lado devassa” e, segundo alguns sites, rendeu à moça, quer dizer,  devassa, 1 milhão de reais (e ela nem precisou participar do BBB, minha gente. Poderooooooooosa!).

Pois bem.  Visitei o site da celebridade para saber informações oficiais sobre o assunto, e o que eu encontrei de mais interessante foi o seguinte comentário:  “Estava na hora de celebrar essas situações de descontração em que podemos ser mais criativos e espontâneos, afirma Luiz Claudio Taya, diretor de marketing da Schincariol. Queremos mostrar que todo mundo tem um lado Devassa. Mostrar que a Sandy também pode beber cerveja, subir em cima da mesa e se divertir como qualquer pessoa num bar ou numa balada (Taí, euzinha  pagava pra ver ela fazer isso de graça... por diversão he, he,he ), completa Augusto Cruz Neto, sócio-diretor da agência Mood.”

Difícil questionar que os marqueteiros tiveram uma sacada de meeeestre. Marcaram o início da veiculação da campanha para 1º de março, às vésperas do carnaval,  e invadiram o Rio de Janeiro com mídia exterior promovendo a “Devassa”, o que aqui em Sampa é proibido pela Lei Cidade Limpa, do Excelentíssimo Prefeito Kassab.

E isso aí Brasil, é Carnaval!  Vai ter “Devassa” pra todo lado.


01/03/2011

Educação: sim ou não?

Adiei o que pude, mas sempre soube que uma hora a tortura ia chegar: as aulas na educação. Digo isso porque me flagrei dizendo a minha irmã, há pouco tempo, que prefiro trabalhar o dia inteiro, durante 1 ano, a cumprir as 60 horas de estágio da Licenciatura. Acho que não tenho vocação para professora.  
Nem sei como farei os tais estágios ainda. Que horas?  Onde? Não quero e nem posso deixar o trabalho agora. Foi tão difícil encontrar um lugar no qual me sinto bem. Por outro lado, sei que me sentirei culpada se desistir da Licenciatura depois de já ter cursado a metade das matérias, mesmo não tendo pretensão de dar aulas, ao menos por enquanto.
Tenho a chance de trancar as disciplinas, mas seria esconder o problema embaixo do tapete, adiar o sofrimento.  E isso não é legal. Por enquanto vou frequentando algumas aulas,  em uma sequência de longos encontros nos quais durmo profundamente.
Ai  Jhésus! Porque é tão difícil fazer escolhas! Será que isso tem solução?

16/02/2011

Sem motivo

Eu já estava indo dormir, após um dia cansativo, mas estou com muita saudade de escrever. Assim, só por diversão. Escrever porque estou feliz, assim como escrevo porque estou triste, às vezes. Escrever porque amo uma pessoa linda, que me ama também. Escrever porque minha família está quase sempre do meu lado. Escrever porque tenho amigos “para-a-vida-toda”. Escrever porque alcancei minha meta - ter um trabalho legal aos 30 anos (falta um mês, He, He). Escrever porque amo o meu trabalho e porque não acordo mais de manhã esperando o dia terminar. Escrever porque, graças ao Bozo, não esqueci as regras da gramática normativa. Escrever porque eu acredito na realização dos sonhos. Escrever porque há dias em que dá tudo errado e outros em que fico orgulhosa de mim. Escrever porque, apesar das decepções, ainda tenho planos. Escrever porque eu sempre supero o medo. Escrever porque eu amo escrever, e pronto.

07/02/2011

Amor

Muito bom rever os amigos. Beber, dançar, brincar, sorrir. Com toda a intensidade do mundo. Com toda a sinceridade do mundo. Amor. Sem compromisso, sabe? Sem obrigação. Estar por querer estar. Amar por querer amar. É bom ver que o tempo passa e você persiste. Que muita coisa na vida passa, outras, não.

03/02/2011

O que faz você feliz?


Estar com alguém que te deixa, literalmente, sem fôlego; curtir aquela fração de segundos em que dois olhares se cruzam-se e dizem “achei o que eu tava procurando”; ver o sorriso es-can-ca-ra-do da pessoa que te faz feliz;  ir ao lugar do qual não se quer mais voltar; ler um livro tão bom que te faz lamentar até a pausa para o café;  chorar 10 vezes assistindo ao mesmo filme, ou assistir a aquele filme só porque te faz chorar; conversar com aquele amigo com quem você divide quase todas as coisas; receber um elogio aos seus méritos, de quem você mais admira; passar no vestibular no curso que você gosta, na faculdade que você escolheu; ter um trabalho que você curte e um chefe que é humano, ao mesmo tempo; NÃO trabalhar no final de semana prolongado; acordar domingo sem despertador; viajar nas férias sem precisar se preocupar com as contas do mês; entrar em casa cheia de malas depois da viagem; beber todas e voltar louca para casa sabendo que sua mãe não estará lá para encher o saco; fazer xixi na balada quando você está muito apertada; dormir pelada e espalhada na cama de casal; cantar bem alto no chuveiro fingindo que o xampu é um microfone; xingar o infeliz que ficou na porta do ônibus e não deixou você descer no ponto certo; ver o dia amanhecer perto da natureza; falar um palavrão depois de dar um tropeção; ver o amor incondicional do seu bichinho de estimação; saber que o seu ex está bem, e que você está melhor ainda; ter uma sogra fofa que faz um rango especial pra você; não precisar decidir entre o vestido preto ou o roxo porque você pode levar os dois; passar a tarde no cabeleireiro; festa de aniversário surpresa; escrever no blog sem sentir culpa por estar deixando de lado os trabalhos da faculdade; sair da rotina; conhecer lugares novos; fazer uma lista de coisas que você gosta para lembrar o quanto a vida é legal, às vezes, mesmo sendo tão complicada.

30/01/2011

Eu não vejo 3D, mas não sou um ET

Porque? Era a questão. Será que sou de outro Planeta? Não é possível uma criatura da Terra ter tanta dificuldade de adaptação. Devo ser um ET.

A primeira vez que eu fiquei frustrada com esse assunto foi no dia em que fui ver a Taça da Copa, nas vésperas de um dos campeonatos mundiais. Não me recordo o ano - talvez minha irmã lembre porque estava comigo e rimos disso. Durante a visita, assistimos a um filme sobre a história dos campeonatos mundias de futebol. As pessoas vibravam com os chutes do Pelé. Eu? Ahn? Fiquei totalmente sem entender o motivo de tanta vibração com os movimentos do filme. Sinceramente, não vi nada extraordinário. Porque não consigo ver? Pensei que fosse defeito nos óculos, então, troquei com a Li pra testar, e nada. Entreguei os óculos achando que não funcionavam e fim de papo.


Um dia, fomos eu, Eto e a mãe dele ao cinema. O filme era o Shrek Forever. Eto tinha ido buscar a pipoca e Dona Vera vibrava com as emoções do início do filme. Euzinha lá. Olhava, olhava e nada. Pedi para trocar de óculos com ela, que dizia: olha Sol, que legal. Eu? Nada. Só via que as imagens ficavam distorcidas quando eu tirava os óculos. Eto chegou, assistimos ao filme. Todos riam muito em cenas de movimento. Fui embora pensando: porque só eu não via a porra do 3D? Testei 3 óculos? Foda-se, não vou morrer por isso.

Outras vezes fui ao cinema já acostumada com o fato de que as coisas não mudariam muito, mas tentei novamente. E o 3D nada de aparecer... Que merda!


Pra mim isso se tornou natural. Nunca senti a necessidade de buscar uma resposta pra minha questão, talvez por vergonha, sei lá. Porém, hoje à tarde eu estava assistindo a um programa e vi uma reportagem sobre imagens 3D e ilusão de ótica. Muito interessante por sinal. De repente ouvi um comentário: "como aquelas pessoas que não conseguem enxergar 3D". Ahn? Eles estavam falando sobre mim, quer dizer, também sobre mim.

Fui correndo pra Internet porque fiquei super curiosa e queria saber. Como assim? Tem um monte de gente que, como eu, não fica suuuuuuuuper animado com as imagens tridimensionais? A resposta é SIM.

Bem, agora tenho certeza de que os óculos do cinema funcionam bem.  O que não funciona muito é a minha visão (e a minha audição também não é das melhores). Tô quase começando a estacionar na vaga dos deficientes rsrsrs. E não posso usar lentes por que mesmo depois de 2 cirurgias ainda sou um pouco estrábica. Mas não fica com peninha não, afinal, não vou precisar gastar com uma dessas TVS suuuuper caras, master, blaster, plus, com óculos sei lá do quê.

Então, aí vai um link pra quem, como eu, vai economizar no próximo filme porque não faz a menor diferença, ou pra quem é curioso mesmo:

27/01/2011

Chocolate

A:  - Se eu te chamar de Bombom você vai ficar ofendida?

B:  - Não, mas não vai querer tirar uma casquinha, né?

(risos)

Minha vida é...

Viver é tudo

Pensar e não pensar.
Sorrir e não sorrir.
Chorar e não chorar.
Dormir e não dormir.

Ser e não ser.
Ver e não ver.
Ter e não ter.
Ler e não ler.

Amar e não amar.
Sofrer e não sofrer.
Sonhar e não sonhar.
Querer e não querer.

"Adoooógo"

Dia corrido!

Tentei o dia inteiro tirar 10 minutos para escrever um texto sobre o chifre do Antônio Fagundes (ainda não decorei o nome do personagem né gente!). Sim, estou de férias, portanto, com tempo para asssistir a alguns capítulos da novela das 8, quer dizer, das 9:30. Meu, a cena merece comentários. Foi a melhor. Liiiiiiiiiiinda, rsrsrsrs.

Só consegui parar mesmo na hora da novela. E agora? TV ou Internet? Acho que as duas coisas. Antes de começar a escrever, dei aquela circulada básica na net, e olha só o que eu encontrei. Deve ser obra do destino. Ou a cena foi mesmo um show. Escrever mais o quê? Sem comentários! Adóooooogo!

Ueba! É o "Insensato Chifrudão"!

"BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E mais uma pra minha série "Os Predestinados": é que no Rio, mais precisamente no Méier, tem uma urologista chamada Eneida PINTO CAVALHEIRO. Sensacional!
E a manchete do "Sensacionalista": "Depois de enquadrar os ministros, Dilma é convidada para treinar o Bope". Socuerro! Vai todo mundo pedir pra sair. Rarará!
E a mais perfeita definição do Berlusconi: um Paulo Maluf pornô! Um evangélico me disse que o Berlusconi tá possuído pelo Demônio da Prostituição! Rarará!
E a novela "Insensaco Coração"? E a barriga do Fagundes? Acho que ele comeu a Mulher Melancia, e nem foi no bom sentido. Foi no sentido errado: engoliu a Mulher Melancia!
E adoro o trajeto profissional do Fagundes: foi "Dono do Mundo" e quebrou, foi "Rei do Gado" e faliu, foi caminhoneiro e rodou, virou chefe de favela e agora levou um chifre. Do tamanho da torre Eiffel!
"Insensato Chifrudão"! Não existe mais novela sem chifre! O chifre é próprio da novela, o boi usa de intrometido. E como diz o outro: "O problema não é o chifre, é aguentar os comentários!". Rarará!
Eu acho que o povo do Projac só anda de teto solar. Novela das seis: chifre. Novela das sete: chifre. Novela das nove: chifre. A Globo é chifruda. Rarará!

E o Bial, hein? Pega o termômetro! Tira a temperatura dele. Surtou de vez! A penúltima pérola: "Transar com mil mulheres é mais fácil do que ganhar o "BBB'". O Bial tá PRECISANDO transar com mil mulheres. Ao mesmo tempo. Pra relaxar!
Ganhar o "BBB" é fácil, difícil  é achar uma mulher que queira transar com o Bial. Rarará! E outra: "O Diogo tem a autoconfiança de quem inventou o pinto". Só se for um pinto gago e que dança axé! Rarará!
E a notícia: "Duas tetranetas de Tiradentes também vão pedir pensão ao governo". Eu também. Eu sou heptatritetrabisneto de Adão! Um brasileiro ilustre! Qualquer R$ 25 mil tá bom!
O Brasileiro é Cordial! Mais uma do Gervásio. Cartaz na empresa em São Bernardo: "Esse carro é de uso exclusivo pra trabalhar, se eu pegar algum cabelo de sirigaita aqui, vou fazer o don juan lavar uma calcinha geriátrica com a boca até ficar com uma língua de cobra. Conto com todos. Assinado: Gervásio". Rarará!
A situação tá ficando psicodélica. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!"

(José Simão)

24/01/2011

Escalpeamento é coisa séria.

Assisti a uma reportagem em um desses programas de domingo à tarde que tratava de um assunto até então desconhecido por mim, o qual me chamou muito a atenção: o escalpeamento.  Observei que por trás daquela demagogia básica a qual todos nós já conhecemos estava sendo discutido um caso de saúde pública que, portanto, deve ser conhecido por todos. Trata-se de um acidente comum nas regiões ribeirinhas no qual as vítimas, a maioria mulheres e crianças, têm o couro cabeludo arrancado pelos motores de pequenas embarcações, meio de transporte mais utilizado na região Norte do País (Amazônia, Pará, etc).
A reportagem contava a história de vítimas deste tipo de acidente, que relatavam a dificuldade em conseguir socorro imediato. Também mostrava o longo e doloroso processo de recuperação. O motivo inicial da minha preocupação foi o preconceito que existe devido às marcas físicas - cicatrizes, deformações  e calvice irreverssível. Além disso, espantou-me  a descrição do longo período de tratamento e das diversas cirurgias de reconstituição. E o que me deixou indignada foi  a falta de cuidado por parte dos condutores e das autoridades locais. Não é utilizada proteção nos motores, o que facilita a recorrência destas fatalidades.

Desde 2009, de acordo com a Lei 11.970, é obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações dos rios da Amazônia. Todavia, não há fiscalização suficiente, logo, muitas pessoas continuam expostas e este tipo de risco.
Maria do Socorro Pelaes Damasceno, a  Presidente da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá, sofreu um escalpelamento aos 7 anos e já fez várias cirurgias plásticas para reconstruir o rosto e  o couro cabeludo.

Não utilizo este tipo de transporte, mas durmo no “busão” todos os dias na ida e na volta para o trabalho e, aí galera, é difícil não se entregar a uma soneca depois de um dia cansativo, portanto, não deve ser difícil ser pego de surpresa pelo eixo do motor.

É importante a divulgação deste problema para que haja uma cobrança maior da sociedade em relação à fiscalização deste meio de transporte. Não é possível reverter os casos que já ocorreram, mas não é impossível cumprir a prevenção já instituída de novos casos, né gente? 

Vamos todos dizer NÃO à mutilação por descaso e irresponsabilidade.

21/01/2011

Tô me achando. E daí?

Semana passada eu disse ao Laerton, com um toque de ironia, que existe o “Nível Eto”.  Que ele vê as coisas lá “do alto do nível superior”. Avaliando posteriormente a minha frase e fazendo uma analogia com o momento atual da minha vida profissional, sim “pode ser que talvez haja assim tipo uma meio que possibilidade” de eu também agir dessa forma. Essa redundância toda é resultado da minha dificuldade em assumir que “é, Brasil, eu também me comporto dessa maneira às vezes”.

Porque cheguei a essa conclusão? Ontem foi meu primeiro dia de trabalho na CESP e, enquanto a Evelise, a gentil e doce menina a quem vou substituir, me explicava dedicadamente como deve ser feito o trabalho, eu pensava/desabafava:
 “Eu sabia que uma hora o meu dia ia chegar! Estágio? nunca mais. Bolsa auxílio? não quero nem lembrar. Minha fase de "escraviária" agora faz parte do passado. E não é que eu seja mal agradecida. Quero trabalho e salário dignos, que possam compensar os anos que passei (me fudi) na faculdade (e mercenária é a vovozinha, que Deus a tenha). Tem mais: eu mereeeeeço”.
Sentiu o “Nivel Sol”? Mas esses pensamentos vinham acompanhados por uma espécie de culpa por eu estar reconhecendo que, finalmente, eu tenho um lugar no “espaço”, e não é qualquer lugar, é o lugar que eu escolhi. Agora sou revisora. Eu só não entendia o motivo da culpa, afinal, porque é que tenho que falar dos meus defeitos o tempo todo? das coisas que perdi ou que deixei de ganhar. A tia chata aqui também tem o direito de reconhecer seus predicados né minha gente? 

19/01/2011

Consulta médica

Lá estava eu na sala de espera da clínica, há 2h30 esperando para fazer meu exame demissional. Clima teeeeeenso. Muitas pessoas aguardavam com cara de “porra, que saco ficar sentado aqui”. Dormi, acordei, li 2 revistas e meia, ouvi todas as músicas do celular, bebi um litro de água. Um verdadeiro tédio.
Tomei até um susto quando ouvi meu nome em uma salinha escondida no final do corredor. Enfim era o último episódio da minha saga de sair do emprego, depois de escrever minha carta de demissão e de ouvir a crise da minha ex-chefe porque eu não ia cumprir o aviso prévio.
Entrei na sala, fechei a porta, sentei.  Aquela voz com eco tipo a do Cid Moreira declamando a Bíblia Sagrada me perguntou algumas coisas sobre meu estado de saúde atual. Mediu minha pressão arterial e em seguida pediu que eu ficasse em pé e mostrasse as pernas. Ah? Pra que? Tá né. Um homem de 60 anos, 1,30m de altura e voz de Evangelho não pode me fazer mal. Levantei meu vestido, que era longo, devagar. O homem ficou desesperado, começou a gritar: NÃO, NÃO... E eu: “Você que pediu.”
Tá achando engraçado? Também achei.  Parei antes que ele visse meus joelhos. Com uma cara catatônica ele olhou meus tornozelos a 1 metro de distância, desviando os olhos.  Será que ele achou que eu ia arrancar o vestido inteiro? Só me faltava essa! Ele disse, meio sem jeito, “está tudo bem”. Frase ambígua.  Pronto. Assinei o papel, agradeci e saí da sala. Os olhos dele me acompanharam até a porta. Ainda bem que eu não leio pensamentos.

13/01/2011

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte"


Quem gosta de cinema já esteve no Cine Belas Artes, ponto de encontro e de referência cultural em Sampa, localizado no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, desde 1943.
É óbvio que as pessoas frequentam os cinema dos inúmeros shoppings da cidade entre as compras e as visitas ao cabeleireiro, mas aí, bom mesmo é sair exclusivamente para ir ao cinema (aquele lugar com cheirinho de quero mais). Pode ser na companhia do parceiro, dos amigos, da família. Vale até ir sozinho em uma sessão de segunda-feira à tarde para ausentar-se por duas horas da cruel realidade e adentrar no mundo encantador da grande tela.  E o “Noitão”, minha gente! Como viver sem ele!  Vários filmes seguidos, café nos intervalos e cara da sono na manhã de sábado seguinte. Sempre fico até o fim.
Pois é, recentemente fiquei indignada ao saber pelos jornais que o lugar que já faz parte da minha história e da vida de muitas outras pessoas, cinéfilas ou não, corre o risco de não mais existir. Isso porque o dono do imóvel, Flávio Maluf, segundo a Folha de SP, pediu a devolução do espaço, sem justificativas. Como assim! Afinal, gente, “Belas Artes” já é sinônimo de “cinema”.
Várias pessoas fizeram um protesto contra o fechamento do local e, ontem, o Secretário de Cultura de SP, Carlos Augusto Calil, manifestou-se sobre o assunto. Uma entidade civil protocolou na prefeitura o pedido de tombamento do edifício. Diante do documento foi decidido que a demanda será levada à votação já na próxima reunião do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp), na próxima terça-feira, dia 18.
Espero que o resultado seja positivo para que eu possa continuar sentindo o cheirinho de pipoca que vem lá daquele lugar que me convida sempre que estou parada naquele cruzamento: “vai um cineminha aí?”

12/01/2011

Plágio não, divulgação

Muito bom o texto... recomendo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/tc1201201120.htm
folha@luli.com.br

Sobre e-mails e mensagens

UM DOS PRINCIPAIS indicadores do final das férias é o reencontro com uma pilha de mensagens recebidas durante o período em que se esteve ausente. Rever e arrumar a comunicação interrompida sempre trouxe uma sensação acolhedora de importância, reverência e organização. Até porque o trabalho não era muito, e costumava ser uma boa alternativa à tediosa desarrumação das malas.
As tecnologias digitais desmaterializaram a informação e, nesse processo, a vêm tornando inadministrável. Volumes de correspondência que não seriam recebidos em décadas são agora acumulados em horas, a ponto de se tornarem uma das principais atividades profissionais. Quem nunca terminou um final de semana debruçado sobre seu notebook, organizando uma cornucópia de e-mails? Quem nunca começou um dia disposto a erradicar a caixa de entrada, só para descobrir, bem depois da hora do almoço, que a tarefa era impraticável?
Não é preciso voltar muito no tempo para lembrar da época em que era uma alegria receber uma mensagem, tema até de comédia romântica nos anos dourados do fim do século passado. Hoje, que até startups e videogames são transformados em filmes, as histórias em torno do e-mail e seus correlatos estão mais para o drama, o humor negro ou a piada sem graça.
Boa parte dessa insatisfação não vem das mensagens em si, mas de seu teor. A maioria delas -como a maioria da comunicação no ambiente de trabalho- é inútil, repetitiva ou indesejada. Mesmo assim precisa ser lida, respondida, copiada, reencaminhada, identificada, classificada, filtrada. Nesse sistema burocrático, tudo precisa ser guardado porque pode se transformar em documento legal. Quando toda conversa pode ser relevante, praticamente nenhuma o é.
O resultado é que há cada vez menos paciência para se ler mensagens, e cada vez mais filtros para bloqueá-las. Já que confrontar diretamente seus emissores é tão impossível quanto ignorá-las por completo, a única forma de liberdade e vingança contra essa opressão parece ser empilhar a correspondência em algum canto, guardando-a como se faz com velhos recibos e balancetes contábeis, para uma eventual e improvável consulta posterior.
Assim, Gbytes são ocupados por cópias de conversas profissionais, avisos de contatos em redes sociais, newsletters, mensagens de grupos de discussão, notificações variadas, comprovantes e confirmações, lembretes de calendários, malas diretas comerciais e tantos outros.
Na disputa entre a criatividade dos emissores, a resposta dos firewalls e sistemas anti-spam e a sobrecarga de seus usuários, o sistema de e-mail acabou perdendo sua previsibilidade. Até há pouco tempo, quem mandava uma mensagem de correio eletrônico partia de uma certeza técnica, uma confiança tácita, de que ele chegaria a seu destino ou voltaria ao remetente, como uma carta o faria. Entretanto, aos poucos, muitas mensagens digitais começam a desaparecer sem deixar rastros. O que aconteceu com elas só se pode especular: podem ter sido filtradas, encaminhadas para uma pasta qualquer ou simplesmente se perderam na imensidão das caixas de entrada.
Quem, afinal, nunca usou um filtro de spam como desculpa pela demora em responder a um e-mail?

Mal-humorada por opção

Há dias em que estou de mau humor, outros em que estou ainda pior, mas disfarço com desenvoltura para o bem da humanidade. Acordo suuuuuper cedo, pego o bendito metrô lotado e sigo feliz. (Oi?)
Esse dias, fiquei ainda mais furiosa. Tenho um ódio mortal de dormir sozinha e, devido à interdição da Marginal Tietê por motivos de “chuva” maior, passei a noite sem dormir ouvindo o barulho do entra e sai no portão da casa em que eu moro. Aí depois vem aquele povo metido a “Zem” tipo “zem graça” me dizer que “a gente tem que ver o lado bom das coisas” e que TEM que “ser bem-humorado”. Peraí? Eu tenho que ficar “mostrando os dentes” porque mesmo? Por causa da enchente? do trânsito? do barulho do meu portão? Desculpem-me sorridentes de plantão, mas não dá não. Prefiro admitir que o dia foi uma merda a ficar mostrando um sorriso amarelo de canto de boca para agradar a galera.
Mas aí, Brasil, gostaria que soubessem que ser assumidamente mal-humorada não me impede de sorrir, às vezes, quando vejo algo REALMENTE engraçado. Também não me impede de deliciar-me com algumas coisas boas que a vida tem pra oferecer. Os mal-humorados também se divertem, gente.
Olha essa tira, por exemplo, adorei. 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/quadrin/f31201201101.htm
 

11/01/2011

A bola da vez

Ueba! Mais um massacre! Depois do auê que fizeram devido ao vestido da Geize, das críticas feitas ao deputado Tiririca e das piadas machistas e perversas contra a presidente Dilma a bola da vez é a cantora Amy Winehouse, que tem sido alvo da “língua-afiada” da imprensa. O motivo? A imagem a seguir:
Os principais jornais do País, que se dizem imparciais, colocaram sob os holofotes da mídia a imagem de Amy, no hotel Santa Tereza, RJ. Muitos até desconsideraram as fotos do show, realizado em Florianópolis:


Não estou dizendo que a cantora é “Sandy”, quer dizer, “Santa”, mas aí, o que houve com o ditado “quem nunca fez cagada na vida que atire a primeira pedra”? Pedra que nada! Estão jogando é um caminhão de concreto na cabeça da mulher, que temos que reconhecer: canta muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito.
Gente, que moralismo mais imbecil! As pessoas cuidam demaaaaaaaaaaaais da vida dos outros. Estão parecendo "um bando de urubu em cima da carniça". Bando de Zé Povinho! Se a mulher usa droga, é com o dinheiro dela. Se ela bebe é problema dela – desde que não atrapalhe o show. O que ninguém consegue questionar é que ela tem uma voz incrível, incomparável, maravilhosa. E como o trabalho dela é cantar, Brasil, as pessoas podiam deixar os peitos da Amy em paz, afinal, opinião é uma questão de ponto de vista e ela, como cantora, cumpre seu papel com méritos.

08/01/2011

"13 going on 30"


“Terminei” a faculdade recentemente. Daqui a dois meses completarei 30 anos. Parece que foi ontem que eu arrumei “my first job” pra poder comprar esmaltes e sair com as meninas, aos 13. Parece que foi ontem que eu disse “sim” ao homem que eu achei que estaria comigo “pra sempre”, aos 20. Parece que foi ontem que passei no vestibular e pensei que minha vida estaria resolvida, aos 25. Doces ilusões! Bobagens!
De “5 em 5” a galinha enche o papo, e cá estou eu.  É claaaaaaaaro que digo que não me importo, mas gente, convenhamos! Não tenho mais peitos de 18 anos (como diz Cameron Diaz, em The Sweetest Thing). O que não quer dizer que eu esteja um lixo (mesmo por que sou a favor da reciclagem, he, he).  Tem gente que diz que faço drama, mas não faço NÃO. Uso o antirrugas só por prevenção.  
O fato é que estou satisfeita. Se não totalmente, estou parcialmente realizada, afinal minha vida está seguindo “mais ou menos” o ritmo do progresso. Com um probleminha aqui, outro ali, que não foram suficientes para “abortar” meus planos. Desta forma, ao que tudo indica, tenho chances de chegar ao menos perto de onde eu sempre quis.
Eh, minha gente!  Na véspera de “trintar” vejo que, talvez, acumular idade tenha lá suas vantagens.