Lá estava eu na sala de espera da clínica, há 2h30 esperando para fazer meu exame demissional. Clima teeeeeenso. Muitas pessoas aguardavam com cara de “porra, que saco ficar sentado aqui”. Dormi, acordei, li 2 revistas e meia, ouvi todas as músicas do celular, bebi um litro de água. Um verdadeiro tédio.
Tomei até um susto quando ouvi meu nome em uma salinha escondida no final do corredor. Enfim era o último episódio da minha saga de sair do emprego, depois de escrever minha carta de demissão e de ouvir a crise da minha ex-chefe porque eu não ia cumprir o aviso prévio.
Entrei na sala, fechei a porta, sentei. Aquela voz com eco tipo a do Cid Moreira declamando a Bíblia Sagrada me perguntou algumas coisas sobre meu estado de saúde atual. Mediu minha pressão arterial e em seguida pediu que eu ficasse em pé e mostrasse as pernas. Ah? Pra que? Tá né. Um homem de 60 anos, 1,30m de altura e voz de Evangelho não pode me fazer mal. Levantei meu vestido, que era longo, devagar. O homem ficou desesperado, começou a gritar: NÃO, NÃO... E eu: “Você que pediu.”
Tá achando engraçado? Também achei. Parei antes que ele visse meus joelhos. Com uma cara catatônica ele olhou meus tornozelos a 1 metro de distância, desviando os olhos. Será que ele achou que eu ia arrancar o vestido inteiro? Só me faltava essa! Ele disse, meio sem jeito, “está tudo bem”. Frase ambígua. Pronto. Assinei o papel, agradeci e saí da sala. Os olhos dele me acompanharam até a porta. Ainda bem que eu não leio pensamentos.
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