Assisti a uma reportagem em um desses programas de domingo à tarde que tratava de um assunto até então desconhecido por mim, o qual me chamou muito a atenção: o escalpeamento. Observei que por trás daquela demagogia básica a qual todos nós já conhecemos estava sendo discutido um caso de saúde pública que, portanto, deve ser conhecido por todos. Trata-se de um acidente comum nas regiões ribeirinhas no qual as vítimas, a maioria mulheres e crianças, têm o couro cabeludo arrancado pelos motores de pequenas embarcações, meio de transporte mais utilizado na região Norte do País (Amazônia, Pará, etc).
A reportagem contava a história de vítimas deste tipo de acidente, que relatavam a dificuldade em conseguir socorro imediato. Também mostrava o longo e doloroso processo de recuperação. O motivo inicial da minha preocupação foi o preconceito que existe devido às marcas físicas - cicatrizes, deformações e calvice irreverssível. Além disso, espantou-me a descrição do longo período de tratamento e das diversas cirurgias de reconstituição. E o que me deixou indignada foi a falta de cuidado por parte dos condutores e das autoridades locais. Não é utilizada proteção nos motores, o que facilita a recorrência destas fatalidades.
Desde 2009, de acordo com a Lei 11.970, é obrigatório o uso de proteção no motor, eixo e partes móveis das embarcações dos rios da Amazônia. Todavia, não há fiscalização suficiente, logo, muitas pessoas continuam expostas e este tipo de risco.
Não utilizo este tipo de transporte, mas durmo no “busão” todos os dias na ida e na volta para o trabalho e, aí galera, é difícil não se entregar a uma soneca depois de um dia cansativo, portanto, não deve ser difícil ser pego de surpresa pelo eixo do motor.
É importante a divulgação deste problema para que haja uma cobrança maior da sociedade em relação à fiscalização deste meio de transporte. Não é possível reverter os casos que já ocorreram, mas não é impossível cumprir a prevenção já instituída de novos casos, né gente?
Vamos todos dizer NÃO à mutilação por descaso e irresponsabilidade.
Vamos todos dizer NÃO à mutilação por descaso e irresponsabilidade.

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